terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Brasil, agradeça ao juízo!


Está cada dia mais difícil para o cidadão comum manter o equilíbrio emocional. É enlouquecedor. Lia outro dia uma reportagem da revista Época intitulada: "Privilégio de poucos", quando me subiu à cabeça um sentimento de indignação, de raiva, sei lá de que mais! Quase rasguei suas páginas! Não fosse a sensatez que ainda me restara, possivelmente seria mais um às fileiras dos que atentam contra a ordem social de um sistema cujo protagonistas são os poucos cidadãos "não-comuns"deste Brasil.
Calma aí! Pode tranquilizar-se. Não serei a reencarnação de Che Guevara. Nem tão pouco um pirado, que acabara de assistir ao filme
Um dia de Fúria. É apenas inquietação, misturado com impotência.
A reportagem era sobre Sua Excelência, Senador da República Federativa do Brasil, Romeu Tuma, que sofre de insuficiência cardíaca e teve uma recaída às vésperas da eleição, 3 de outubro. Segundo Época, Tuma recebeu no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um coração artificial de R$700.000,00. O dispositivo chama-se
Incor e é fabricado pela empresa alemã Berlin Heart. O preço de 700 mil inclui o coração mecânico e a vinda de um médico e um engenheiro alemão que acompanham a cirurgia.
Contudo, o estarrecedor não é o altíssimo custo do tratamento de Sua Excelência; pois, a vida humana tem valor imensurável - embora umas vidas tenham mais valor que outras... O fato vergonhoso e humilhante aos quase 200 milhões de brasileiros é constatar que o Senado Federal - órgão público engordado pelos impostos de todos nós -, banca um Plano de Saúde privado a Romeu Tuma e os damais 80 Senadores (com seus dependentes: cônjuge, e filhos até 24 anos) e, de quebra, estende o benefício aos ex-senadores.
A turma cuja saúde está bem resguardada pelo Poder Público chega a 400 pessoas. Elas têm direito ao uso e gastos ilimitados - eu disse ilimitados! - pelo Plano. Com uma ressalva: precisam apenas economizar com as depesas psicoterápicas e odontológicas, não podendo ultrapassar os R$ 25.998,96 anuais. Modesto, não?
Pois é. É ou não é de enlouquecer o trabalhador, chefe de família, cidadão comum, que vê um dos seus morrer à espera de atendimento - quando este mesmo não morre - num desses hospitais do SUS? Esta é a realidade de milhões! São filhos bastardos de uma "Mãe Gentil" que é menos carinhosa com uns e mais com outros; mais atenciosa com os filhos ociosos, improdutivos, exploradores do Lar.
Há alguns meses ( só pra exemplificar), um garoto de 9 anos que padecia de insuficiência respiratória, morreu, em Jacarepaguá, RJ, devido o Governo negar-lhe assistência à vida. O aparelho que manteria o pequeno Fábio de Souza vivo custaria aos cofres públicos R$ 500,00 ao mês, 52 vezes menos ao que teria direito se fosse, pelo menos, um ex-senador.
Onde está a diferença? Um cargo público faz alguém ser mais brasileiro que o brasileiro Fábio, 9 anos? Sim, faz! Nosso Hino equivoca-se atribuindo afeições maternas a um Estado que trata desigualmente seus "filhos". Cria com muito afago, zelo e cuidado quem está debaixo da sua enorme saia. Aí está a diferença.
É pouco provável que tenhamos estabilidade social enquanto essas diferenças forem tão latentes; é inevitável a indignação, a revolta. Depois disso tudo, só nos resta fazermos um esforço descomunal para mantermos o equilíbrio. Afinal, o que seria desses "filhinhos queridos", se a grande massa dos filhos bastardos, de uma hora pra outra, lesse uma matéria dessas numa revista e... Deixa pra lá. Ainda bem que nos resta [ainda] um pouco de juízo!

domingo, 22 de novembro de 2009

O ensino e a granada



Recentemente li num jornal carioca o desfecho trágico de um bandido ao tentar lançar uma granada contra policiais, que realizavam uma incursão a uma comunidade no Rio de Janeiro. Por imperícia, ou negligência, não sei, ao manusear o artefato, o atrapalhado traficante foi despedaçado pela explosão, que por sorte, não atingiu nenhum inocente ao seu redor.
Uma granada é uma arma fatal. Quando detonada, espalha estilhaços de ferro pra todos os lados. A letalidade pode abrager o raio de 9 metros.
Partindo deste exemplo, todavia, o que realmente quero, não é retratar a infelicidade do homem que foi pelos ares ao ignorar o risco que tinha nas mão. Pois se fizesse o procedimento com diligência e destreza - primeiro, envolver a granada com os dedos na palma da mão; segundo, retirar o pino de segurança; terceiro, abrir os dedos no ato do lançamento da bomba contra o alvo (pois os dedos fechados seguram uma alça que se desprende irreversivelmente, fazendo-a detonar em 4,5 segundos) - com certeza a granada corresponderia-lhe ao objetivo.
Esse relato serve de analogia entre as conseqüências drásticas da má utilização de uma arma de guerra e o estrago que um professor - que também tem um "poder" nas mãos -, pode causar. O ato de educar, quando feito com esmero, confiaça nos resultados, nutrido por um ideal de tranformação social, torna-se uma "arma" à altura de uma granada: abala estruturas. Quando o mesmo ato é exercido com negligência, despreparo, despido de sonhos, de crença, é um desastre total! Inda mais quando se está tratando da educação cristã. As consequências são eternas...
Um mestre que, por não valorizar seu ofício, é indolente e não se esforça no aperfeiçoamento próprio, contribui significativamente para o raquitismo da igreja local, permitindo a incompreensão das verdades bíblicas, que, por sua vez, leva à morte espiritual o aprendiz (2 Pe 3.16). O livro de Oséias diz: “O meu povo é destruído porque lhe falta o conhecimento”. Que categoria de crente é responsável em patrocinar o conhecimento e construir o aprendizado e a educação cristã? Não é, majoritariamente, o professor da Escola Bíblica?
Pois, bem. Desta forma, ilustríssimo mestre, quero informá-lo que há uma “granada” em suas mãos; algo fatal se ignorado: a responsabilidade do ensino. Se for displicente e agir com indiferença diante desta missão, comprometerá sua vida espiritual [Lembra da responsabilidade do atalaia, no Livro de Jeremias?] e levará aqueles que te cercam – seus alunos – à “morte”, pela ignorância.



LEONARDO dos SANTOS RAMOS

Política: adjutora da religião?


Ultimamente o cenário político brasileiro tem deixado qualquer um boquiaberto. São tantos os trambiques e maracutaias que parece até novela das sete - pelo menos, nas tramas
da TV, o vigarista, geralmente, no fim da historia se dá mal: o que não
acontece em nossa realidade. Isso não é Política! Pode até ser a que
conhecemos, que aprendemos conviver; no entanto, esta não é a genuína, a
literal.


Não podemos cruzar os braços e deixar que o caos social se instale;
não podemos ignorar a situação amoral e aética vivida em nossa
sociedade. As instituições públicas (que deviam assistir ao cidadão)
estão desacreditadas; a justiça, que deveria ser "cega", agora, seleciona o
que lhe interessa ver; a desigualdade social é tão cruel e
desesperadora que acaba concebendo uma violência desenfreada, cujas
vítimas somos nós. Cadê a Igreja? Cadê os cristãos?


O fim está próximo! Eu sei. Mas, ele ainda não chegou! Estamos aqui, a Igreja
está aqui, nossos filhos estão aqui...
Se omisso permanecermos, sentados no banco das igrejas, esperando Jesus voltar e resolver a desordem, não seremos dignos do chamar-se cristão. "Cristão" - subtende-se extensão de Cristo; representante dos ideais do Cristianismo


O Mestre nos deixou um verdadeiro exemplo de inconformismo, ante a inércia da maioria dos cristãos no processo de transformação social. Em Mt 22. 21, mostrou-nos a importância de
estarmos em sintonia com os deveres cívicos, sem deixarmos o lado
espiritual; no diálogo com um jovem rico, ensinou-nos a nobreza da
renúncia (dos próprios privilégios) que projeta o bem comum; na
multiplicação dos pães e peixes, leva-nos ao caminho da compaixão e
sensibilidade para com as necessidades do próximo. Tudo isso nos lembra
um sábio, mas, ignorado ditado: “Quem não vive pra servir, não serve pra
viver..."

A verdadeira Política nasce na vontade de Deus em querer a ordem, a justiça, o bem social. A palavra política vem do grego polis, que significa cidade. A arte
de bem governar os povos; a destreza para administrar os Estados,
objetivando a harmonia, o valor, a ética, os limites e o bem social,
denominou-se Política. É este o sentido da palavra que está em pauta.

A introdução da Lei-Maior de nosso país (a Constituição Federal) inicia-se com a seguinte declaração: “Nós,representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista, e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (...)"


Temos de concordar que não é essa a Política que repudiamos, que queremos distância, ou que afastamos de nossos púlpitos. Pelo contrário, a declaração acima traz consigo a
essência da fiel Política. Faz-nos até lembrar de II Sm 23. 3,4: “O
Deus de Israel falou, a Rocha de Israel me disse: ‘Quem governa o povo
com justiça, quem o governa com o temor de Deus, é como a luz da manhã
ao nascer do sol, numa manhã sem nuvens. É como a claridade depois da
chuva, que faz crescer as plantas da terra”.
Quando descobrimos o
que é, e como se deve fazer Política, vemos que ela se confunde com a
definição de Tiago sobre a verdadeira religião: “A religião que
Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos
órfãos e das viúvas em suas dificuldades.”
Tg 1. 27

Somos o “sal da terra”, temos que influenciar! Se alguém tem o dever moral de reverter este quadro político-social vergonhoso que aí está, nós, cristãos, temo-lo! Pois
somos embaixadores de Cristo, dotados de autoridade espiritual e
sabedoria divina para resgatarmos a verdadeira arte de fazer
Política, num país onde, majoritariamente, o que se pratica é a
“politicagem”. Nós, como "temperos-do-céu" que somos, não sejamos
insípidos com nossa indiferença e apatia! Conservemos nossa
sociedade que, dia após dia, caminha rumo à ruína e deterioração moral; sem justiça, sem igualdade, sem Deus...

Afinal, uma Política exercida com sabedoria, retidão, piedade, cumpre seu verdadeiro
papel de irmã adjutora da religião. Que o Senhor desperte a sua Igreja do Sono da Indolência!




Leonardo dos Santos Ramos